... Edição Digital 391

...

ENTREVISTA - Licínio Santos, Direção Comercial da Cofidis Há um caminho ainda por percorrer Por: Mónica Silva Fotos: Cofidis

Desde o edifício onde opera a um projeto para aumentar a literacia financeira, a Cofidis é uma empresa que tem vindo a investir em si e nas pessoas por um mundo mais sustentável e informado, assim nos conta Lícino Santos.

Que trabalho tem sido feito pelas financeiras no âmbito da sustentabilidade, numa lógica ESG? Que importância atribuem hoje a este conceito?
 
Sobre este tema, tem sido feito um trabalho de fundo por várias instituições e é necessário que continuemos, porque há um caminho importante ainda por percorrer e que é responsabilidade de cada um de nós. Particularmente do lado da Cofidis, temos atuado em diversas dimensões, nomeadamente no que diz respeito à sustentabilidade social e ambiental. Destaco duas: o site Contas Connosco, um projeto de sustentabilidade social que lançámos em 2014 com o intuito de aumentar a literacia financeira dos portugueses. Portugal tem sido sistematicamente considerado como um dos países da EU com menores conhecimentos nesta matéria e isso naturalmente tem consequências sociais relevantes. Quisemos, portanto, aproximar as pessoas dos principais conceitos relacionados com as finanças pessoais. Na dimensão ambiental, há muito que a Cofidis vinha a implementar práticas significativas, como por exemplo conversão de uma parte significativa da sua frota de viaturas de serviço em veículos total ou parcialmente eletrificados, e em 2022 mudou-se para umas novas instalações, com mais de 10 mil metros quadrados e que alberga mais de 750 colaboradores, as Natura Towers, que é um edifício de atributos únicos do ponto de vista da sustentabilidade caracterizando-se pela sua capacidade de captar e armazenar águas pluviais e pelos enormes painéis solares nas fachadas, além de oferecer o maior jardim vertical de Lisboa, com cerca de 1000 metros quadrados
 
Que expectativas há para o comportamento das taxas de juro e que consequências, no curto e no médio prazo, podem trazer aos vários stakeholders envolvidos no processo?
 
Há uma grande volatilidade e incerteza nestas matérias, mas as principais consequências dos níveis de taxa atuais são muito claras: com o custo do dinheiro em alta e por tempo indeterminado, os encargos financeiros manter-se- -ão elevados quer para empresas, contribuindo para uma restrição do consumo e dos investimentos, mas também para os particulares, induzindo uma maior complexidade de gestão orçamental por parte das famílias com recursos financeiros mais escassos e que no tempo poderão conduzir a um aumento importante de desigualdades sociais. No que diz respeito ao negócio do comércio de automóveis, este contexto tenderá a manter uma procura mais restrita, assim como, a limitar as taxas de aprovação de novos contratos de crédito em níveis inferiores aos do passado, em resultado de uma natural degradação do perfil de cliente e redução do orçamento disponível das famílias.
 
Numa atividade que se baseia em operações estritamente comerciais e na variação das taxas de juro, de que forma se destacam?
 
A nossa promessa de marca é “De Pessoas para Pessoas”. Na Cofidis pensamos estratégia a curto, médio e longo prazo e não só desenvolvemos ferramentas para o presente, como trabalhamos antecipadamente nos instrumentos do futuro para garantir que a continuamos a antecipar tendências e a oferecer as melhores soluções para aqueles que nos consignam a sua confiança. Na ótica dos parceiros, lançámos um processo de concessão de crédito totalmente digitalizado em 2019 e que foi absolutamente disruptivo e diferenciador à data, tanto que alguns dos outros competidores deste sector demoraram mais 3 anos a lançar esta funcionalidade e outros continuam a não a ter ainda. Na ótica dos clientes, de referir que a Cofidis é distinguida como Escolha do Consumidor há 11 anos consecutivos, pontuando acima de 85% em atributos como credibilidade ou simplicidade no processo, reforçando a forma como é percebida pelos portugueses relativamente às dimensões mais relevantes.
 
De que forma prevê que os novos modelos de distribuição na venda de carros novos podem influenciar a atividade das empresas financeiras?
 
As entidades financeiras terão de adaptar os seus processos e fluxos para garantir o suporte necessário às insígnias e operadores do mercado de veículos novos, nomeadamente através de jornadas de compra integradas e alicerçadas em tecnologia de ponta como é a inteligência artificial generativa ou a Big Data. Estas entidades deverão aliar inovação tecnológica e relações humanas para criar experiências de compra a crédito, distintas, que permitam transformar a mudança do modelo de distribuição das marcas numa oportunidade de criar valor para todas as partes envolvidas. Em simultâneo, as insígnias e operadores de veículos novos deverão também adaptar as suas operativas e ferramentas para garantir que existe coerência e as necessidades e exigências dos clientes são satisfeitas e excedidas.
 
Que importância considera terem organismos como a ANECRA e, em concreto, eventos como o Encontro Nacional dos Usados, em junho último, ou a Convenção Anual da ANECRA?
 
Organismos como a ANECRA são estruturalmente importantes para aportar coerência e conhecimento transversal aos diferentes atores deste sector. Em matérias tão diversas como jurídico-legais, sustentabilidade ou formação, o seu papel agregador é de grande relevância. Os temas que são colocados em discussão, seja no âmbito das formações promovidas, seja relativamente aos encontros e convenções, são sempre de extrema pertinência e auxiliam a criação de referências para os diversos operadores do negócio automóvel, bem como ajudam a compreender a evolução que o sector e a sociedade estão a sofrer e a criar sentido de urgência para a gestão da mudança que tem de ser liderada por cada um destes.


Partilhe:                    


Retroceder