Em entrevista à ANECRA Revista, Hugo Ramalho do Banco Credibom destaca as diferentes iniciativas da empresa com foco na sustentabilidade, crescimento e liderança.
Que trabalho tem sido feito pelas financeiras no âmbito
da sustentabilidade, numa lógica de ESG? Que importância
atribuem hoje a este conceito?
No nosso caso em específico, atribuímos uma importância
muito elevada. O grupo Crédit Agricole tem uma posição
muito clara relativamente ao nível do posicionamento das
suas empresas no contexto de ESG – ser líder. Contudo, há
que reconhecer que o período de transição de veículos automóveis
de combustão para 100% elétricos em Portugal,
comparativamente a países do norte da Europa, vai demorar
mais anos e temos de adaptar a nossa evolução. Como
é que nos estamos a posicionar: Em reforçar a perceção
dos consumidores portugueses sobre a oferta de veículos
“green” através do portal Pisca Green, onde apresentamos
as ofertas dos nossos parceiros disponíveis; Iremos adicionar
mais ofertas de mobilidade “green” no Pisca Green,
ainda em 2023; Complementar a emissão de gases nocivos
para a atmosfera através da plantação de árvores em Portugal;
Uma empresa sustentável não se faz apenas de medidas
para o ambiente e é por isso que nos orgulhamos de ser
uma das melhores empresas para se trabalhar em Portugal
(Best Place to Work). Esta é uma distinção que se consegue
com uma equipa muito dedicada aos colaboradores e ao
desenvolvimento de planos e ações que reforçam o “empowerment”
das nossas pessoas e procuram melhorar o
equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho. Estabelecemos
parcerias com diversas organizações, em ser uma plataforma para a literacia financeira em diversas comunidades,
com a Dress for Sucess, apoiar mulheres que se encontram
em situações económicas vulneráveis, preparando-as para
entrevistas de trabalho, mas também criando um banco de
roupas profissionais a que mulheres sem capacidade financeira
possam ter acesso.
Quais as expectativas para o comportamento das taxas
de juro e que consequências, no curto e no médio prazo,
podem trazer aos vários stakeholders envolvidos
no processo?
Apesar de enquanto cidadãos ainda nos esperar mais 6 a
12 meses de taxas de juro em alta, acreditamos que durante
2024 iremos assistir a uma descida das taxas de referência.
Contudo, a economia portuguesa continua a crescer em
2023 e a estimativa é de que continuará a crescer também
durante 2024. Para o Banco Credibom, tem sido desafiante
o impacto do acréscimo do custo de financiamento da nossa atividade, mas manter-nos-emos coerentes com o
nosso posicionamento de manter a “porta aberta” para
o desenvolvimento da atividade dos nossos parceiros de
negócio, já que absorvemos uma parte muito significativa
do aumento das taxas de referência no sistema financeiro
internacional, não passando este custo para parceiros
e clientes finais. Acreditamos que o mercado se manterá
globalmente estável em 2024 face à dinâmica de 2023, com
reforço do posicionamento dos bancos de retalho.
"A transição para
veículos elétricos vai
demorar muitos anos"
Numa atividade que se baseia em operações estritamente
comerciais e na variação das taxas de juro, de
que forma se destacam?
O Banco Credibom tenta posicionar-se pela qualidade do
serviço prestado, pela capacidade de ouvir e adaptar o seu
modelo de negócio às necessidades dos nossos parceiros
e pela coerência durante ciclos económicos, sejam eles
mais ou menos positivos. E os resultados têm sido muito
positivos: liderança de mercado com aumento da quota
de mercado em Portugal e reconhecimento pelos nossos
parceiros e clientes com diferentes prémios de satisfação,
por exemplo, o prémio 5 estrelas, escolha do consumidor).
De que forma prevê que os novos modelos de distribuição
na venda de carros novos podem influenciar a
atividade das empresas financeiras?
O caso do modelo de distribuição da Tesla veio criar disrupções
no modelo de distribuição de venda de carros
novos, em particular nos últimos anos, com suporte a modelos
quase 100% digitais. Este caso, pelo crescimento das vendas desta marca na Europa têm forçado outras a equacionarem
novos modelos de distribuição, como os agenciamento
em detrimento de concessionários de marca. A
pressão para as empresas financeiras é de acomodarem os
seus modelos de negócio, reforçando o investimento nas
suas plataformas tecnológicas, disponibilizando diferentes
micro serviços acessíveis por integrações via API’s. Esse é o
maior impacto e exigência de maior flexibilidade das suas
plataformas de serviço a diferentes parceiros.
Que importância considera terem organismos como
a ANECRA e, em concreto, eventos como o Encontro
Nacional dos Usados, em junho último, ou a Convenção
Anual da ANECRA?
Grande importância. A ANECRA representa o interesse
dos mais de 3500 associados no território nacional e
com o aumento da regulamentação, transversalmente a
todas as atividades económicas, é vital que as associações
sectoriais aumentem a sua presença e representação junto
dos diferentes agentes da sociedade portuguesa. Considero
que a rede de partilha e de conhecimento criada
pela ANECRA é fundamental no nosso sector a acrescer
ao facto de promover um espírito de entreajuda que, sem
dúvida, enriquece muito este mercado. Eventos como o
Encontro Nacional dos Usados ou a Convenção Anual da
ANECRA declinam este sentimento para momentos presenciais,
o que é ótimo porque tornam-se em verdadeiras
oportunidades de troca de informação, de contactos, de
ideias e de iniciativas que enriquecem os vários associados
e a sociedade portuguesa.