... Edição Digital 391

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ENTREVISTA - Nuno Zigue, CEO do Banco Santander Consumer Finance Neste negócio são vários os fatores de diferenciação Por: Mónica Silva Fotos: Banco Santander

Nuno Zigue, CEO do Banco Santander Consumer Finance, considerada considerada pela revista Fortune uma das 50 empresas que mais contribuem para um mundo melhor, dá-nos a sua análise do atual estado do sector financeiro, sustentabilidade e ESG.

Que trabalho tem sido feito pelas financeiras no âmbito da sustentabilidade, numa lógica ESG? Que importância atribuem hoje a este conceito?
 
No nosso entender, o sector financeiro tem um papel relevante na resolução de alguns dos desafios com os quais se confronta a sociedade. Ao longo dos anos, o grupo Santander tem vindo a promover iniciativas concretas que contribuem para a transição energética, para a inclusão social e financeira e para um modelo de governo responsável e ético. Recentemente, a revista Fortune reconheceu o Santander como uma das 50 empresas que tem ativamente contribuído para um mundo melhor, destacando os nossos programas nos domínios da educação, do empreendedorismo e da empregabilidade, que já ajudaram mais de um milhão de pessoas e negócios em vários países. Nesse âmbito, e a título de exemplo, o Santander Consumer Finance Portugal, em parceria com o Banco Europeu de Investimento, disponibiliza soluções de financiamento a baixo custo para pequenas e médias empresas, profissionais liberais e empresários em nome individual, destinadas à renovação da respetiva frota automóvel por veículos, ligeiros ou pesados, com elevada eficiência energética e baixas emissões CO2. É mais um exemplo da participação do sector financeiro nas políticas ambientais e sociais das instâncias governamentais, neste caso da União Europeia.
 

 
"O grupo Santander tem vindo a promover iniciativas concretas que contribuem para a transição energética, para a inclusão social e financeira e para um modelo de governo responsável e ético"
 
Quais as expectativas para o comportamento das taxas de juro e que consequências, no curto e no médio prazo, podem trazer aos vários stakeholders envolvidos no processo?
 
Para abordarmos o comportamento das taxas de juro temos de encarar o problema subjacente, que é a inflação. As sociedades do chamado mundo ocidental já não estavam habituadas a viver com uma inflação anual superior a 2%. A recente subida dos preços, tendo sido tão ampla e tão repentina, provocou efeitos negativos imediatos no poder de compra, sobretudo das pessoas e famílias mais vulneráveis. Se a instabilidade de preços for duradoura, os seus efeitos nefastos poderão afetar gravemente a estabilidade social da qual dependem as democracias e o normal funcionamento da economia. Por isso, é do interesse de todos que as taxas de juro subscritas pelos consumidores subam na mesma medida que as taxas diretoras do BCE, para que a contenção da inflação ocorra. Em Portugal, os limites de usura começaram a subir em 2023, após se terem mantido estáveis ao longo do ano de 2022. O que significa que o ajuste do custo do crédito automóvel intermediado está a ocorrer com cerca de um ano de desfasamento relativamente às decisões do BCE. Na ótica dos consumidores, trata-se de um regresso aos níveis de taxa de juro que já conhecemos no passado. Na ótica dos intermediários de crédito, a subida gradual dos limites de usura está a criar espaço para o incremento das taxas dos clientes, garantindo desta forma a preservação das margens de intermediação.
 

 
Numa atividade que se baseia em operações estritamente comerciais e na variação das taxas de juro, de que forma se destacam?
 
No nosso negócio, são vários os fatores de diferenciação, para além do preço. Refiro alguns que me parecem relevantes: o bom, a rapidez e simplicidade de processos, a digitalização da jornada de contratação, uma calibração de políticas de riscos que garanta um crescimento sustentável do negócio, produtos que respondam às aspirações dos diferentes tipos de clientes, soluções de financiamento das necessidades dos parceiro e os mecanismos de fidelização dos clientes aos parceiros, tanto no que diz respeito às vendas como ao pós-venda. E, tão ou mais importante, uma equipa de especialistas que oferece aos profissionais do setor automóvel um ecossistema de soluções integradas que cobrem as diferentes etapas do negócio.
 

 
De que forma prevê que os novos modelos de distribuição na venda de carros novos podem influenciar a atividade das empresas financeiras?
 
Os modelos dos construtores não se assemelham integralmente, nomeadamente na forma de organizar a cadeia de distribuição e na forma como se estabelecerá a relação com o cliente. Essas especificidades serão determinantes para a definição do papel das financeiras “cativas” e do modo de competição no seio deste canal. Independentemente dessas evoluções, é certo que os clientes continuarão a necessitar de serviços financeiros e de soluções de mobilidade, tal como é certo que o comércio automóvel continuará a oferecer aos seus clientes um serviço one-stop-shop, que integrem soluções de pagamento, de financiamento e de mobilidade. As instituições financeiras saberão seguramente adaptar-se à mudança, mitigando os riscos e aproveitando as oportunidades.
 

 
Que importância considera terem organismos como a ANECRA e, em concreto, eventos como o Encontro Nacional dos Usados, em junho último, ou a Convenção Anual da ANECRA?
 
As associações profissionais têm um papel extremamente importante, tanto na difusão de conhecimento e de boas práticas junto dos associados, como na representação dos interesses do sector junto das autoridades e de outros sectores. As convenções e os encontros promovidos pela ANECRA são oportunidades únicas para expor temas e promover debates que contribuam para o desenvolvimento do sector. Simultaneamente, são eventos de reconhecida qualidade, que projetam uma imagem de profissionalismo junto do público. Parabéns à ANECRA pela sua realização.


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