A economia internacional tem se caracterizado por uma incerteza geral em termos globais. Incerteza em termos de inflação, com outra revisão em alta, para 2023 e 2024, para os preços dos produtos energéticos e uma revisão (ligeira) em baixa para os preços dos produtos, excluindo os produtos energéticos e produtos alimentares.
Incerteza na definição do valor das taxas diretoras, enquanto
se esperava, há um ano, que hoje as taxas estivessem
em tendência decrescente e o que assistimos é que se
mantêm, em cima da mesa, a possibilidade de que voltem,
de novo, a subir.
Vários analistas apontam que o mundo passe por um
longo período de baixo crescimento e prevê-se que a economia
mundial cresça entre 2,3% e 3,3% em 2023, valor
que se aproximará da média de 3,1% das duas décadas
anteriores à pandemia. A menor procura das exportações
e o impacto das condições restritivas de financiamento,
são causas diretas do abrandamento do crescimento na
zona Euro. Em termos mundiais, prevê-se um abrandamento económico no segundo semestre, refletindo uma
perda do dinamismo de recuperação da China (dado o
ressurgimento dos problemas no sector imobiliário residencial)
e, embora as economias avançadas dos Estados
Unidos e do Reino Unido tenham mantido uma atividade
económica mais resiliente do que se esperava, sofrerão
algumas perdas ao nível da procura mantendo-se, no entanto,
em valores positivos.
O combate ativo à inflação persistente, através da manipulação
em alta das taxas de juros, conduz a um abrandamento
da procura, condicionando uma oferta adequada
e, por consequência, também a manutenção de um mercado
de trabalho forte e em crescimento. Contudo, a resiliência das economias avançadas tem mantido, e deverá
manter, as suas economias em terrenos positivos. O período
de inflação alta persistente parece estar ultrapassado,
segundo alguns, tendo em conta que a pressão em alta
dos preços diminui. Contudo, a inflação permanecerá
muito acima das metas dos bancos centrais em muitos
países. O Banco Central Europeu (BCE) mantêm esforços
no sentido de assegurar o retorno da inflação ao objetivo
de médio prazo de 2%. Para atingir este desiderato, o
BCE tem revisto em alta as suas taxas diretoras, tendo-se
atingido, em julho passado, o valor máximo de há quinze
anos, da taxa diretora principal (de refinanciamento) de
4,25% e da taxa marginal de empréstimos de 4,5%.
Ainda segundo o BCE, não se prevê no curto e médio
prazos a redução das taxas diretoras, tendo presente que
a taxa de inflação na zona euro encontra-se ainda muito
acima do objetivo, dependendo a evolução das taxas dos
dados económicos e financeiros disponibilizados, da dinâmica
da inflação e da força da política monetária. Os
preços internacionais do petróleo e do gás foram revistos
em alta, face à informação de junho, para os anos de 2023
a 2025. Este dado volta a lançar alguma preocupação à
economia em termos gerais. Já as taxas de variação anual
dos preços das matérias-primas não energéticas mantêm
uma tendência decrescente para os anos 2023 e 2024.
Economia nacional
A economia nacional deverá manter um crescimento
fraco até ao final do ano corrente. Após o dinamismo
do primeiro trimestre, a economia terá estagnado no
segundo e terceiro trimestres, devido, nomeadamente, à menor dinâmica dos principais parceiros comerciais, aos
efeitos cumulativos da inflação e das restrições de política
monetária. Assim, segundo a mais recente informação
do Banco de Portugal (BdP), as revisões do crescimento
económico foram realizadas em baixa (face às projeções
de junho) e em alta para a inflação para o presente ano e
para os próximos dois anos.
As projeções de crescimento da economia nacional de
2,1% em 2023, baseiam-se no investimento e nas exportações,
e não tanto nas despesas de consumo. Em termos de
exportações de bens e serviços, projetam-se crescimentos
de 4,1% em 2023 e 2,1% em 2024. A Formação Bruta de
Capital Fixo (FBCF) deverá apresentar um crescimento
de, apenas, 1,5% em 2023, mas deverá evoluir para valores
mais favoráveis e significativos em 2024 e 2025, decorrente
da aceleração da procura global e da execução dos
fundos europeus. Em termos gerais, e face à área do euro,
Portugal deverá continuar a apresentar um crescimento
superior nos anos 2024 e 2025, com um diferencial médio
anual de 0,5 pp (pontos percentuais).
O mercado de trabalho deverá manter uma evolução favorável
em 2023 e nos próximos anos, embora revisto em
baixa na última informação do BdP. O aumento do emprego
está relacionado com o crescimento da população
em idade ativa e dos incrementos da taxa de atividade.
Os ganhos de produtividade por trabalhador deverão ser
superiores aos verificados nos anos de pré-pandemia. A
taxa de desemprego deverá manter-se entre os 6,0% e os
6,9% no período de 2023 a 2025. A perspetiva de 6% de
taxa de desemprego para o presente ano constitui a mais
baixa taxa de desemprego dos últimos vinte anos.
A última Síntese de Execução Orçamental (SEO) do Estado
disponível referente a agosto indica que foram arrecadados
cerca de 35 040 milhões de euros de Receita
Fiscal no período de janeiro a agosto do presente ano, representando
3,9% de aumento face ao período homólogo.
Os montantes arrecadados no ano, quer de Impostos
Diretos, quer de Impostos Indiretos aumentaram face ao
ano anterior, 3,8% e 4,1% respetivamente. No que respeita
ao conjunto dos impostos mais diretamente ligados
ao setor automóvel (ISP, ISV, IUC1), registou-se uma variação
positiva de 35,6 M€, no acumulado do ano, a que
corresponde +1,4% na comparação com o valor homólogo.
O ISP que, em sede de SEO, vinha a registar variações
mensais homólogas negativas desde maio de 2022,
há três meses que apresenta variações mensais positivas
e em consonância com o aumento dos consumos dos
combustíveis rodoviários.
Mercado automóvel nacional
As vendas de automóveis novos em Portugal em 2023 seguem
em crescimento face ao ano anterior. No período
de janeiro a setembro registaram-se 178 828 novas unidades,
a que corresponde um crescimento de 31,7% face ao
período homólogo. Todos os meses do ano corrente apresentam
variações positivas face a 2022, com valores bastante
significativos nalguns meses do primeiro semestre.
Em termos de segmentos de mercado, verificaram-se
variações positivas em quase todos os segmentos nos
valores acumulados do ano, a saber: ligeiros de passageiros
(34,1%), ligeiros comerciais (18,7%), pesados de
mercadorias (54,2%). Apenas o subsegmento (residual)
dos pesados de passageiros registou um decrescimento de 57,1% (subsegmento cuja
quota de mercado não ultrapassa
os 0,32% do mercado
total).
Depois de um primeiro semestre
que se esperava positivo
devido, em simultâneo,
aos sinais favoráveis da economia
no início do ano e, na
maioria, ao fraco primeiro
semestre do ano anterior, as
vendas do presente ano continuaram
em terrenos positivos
nos meses do terceiro
trimestre do corrente ano.
As vendas de veículos 100%
elétricos (BEV) na categoria
de ligeiros de passageiros
(LP), mais do que duplicou
no período de janeiro a setembro,
tendo-se ultrapassado as 25 500 unidades no
presente ano, a que correspondeu uma variação positiva
de cerca de 110%. A quota de mercado dos BEV, nos
ligeiros de passageiros, é já de 16,7%, com tendência de
crescimento, quando no ano anterior este valor era de
“somente” 10,7%. Os veículos plug-in, na categoria dos
LP, também registaram um crescimento significativo
(+71,6%) face a 2022 e uma quota de mercado de 12,7%
na categoria em análise.
O valor conjunto das quotas de mercado dos veículos
eletrificados (BEV e Plug-in) em 2023 é a mais alta de
sempre, tendo atingido os 29,4%, prevendo-se que, em
breve, um terço das vendas de ligeiros de passageiros em
Portugal sejam veículos eletrificados.
Os benefícios fiscais, em termos empresariais, que os veículos
BEV e o Plug-in usufruem, face aos veículos tradicionais
a combustão, continuam a ser um fator atrativo e
decisivo na tomada de decisão de compra de um veículo
eletrificado por parte das empresas. Contudo, os particulares
têm apoios à compra diminutos em valor (tendo
presente a significativa diferença de preço dos veículos
eletrificados face aos de combustão) e não tão abrangentes
em benefícios fiscais como o são para as empresas.
Uma última palavra para as vendas de motociclos que registaram
mais de trinta e cinco mil novas unidades entre
janeiro e setembro, representa um aumento de cerca 15%
face ao ano anterior, e que corresponde a uma média de
quase quatro mil unidades por mês. Nota, ainda, para um
decréscimo significativo do registo de motociclos elétricos
e cuja quota de mercado, no presente ano, ronda 1,5%
das vendas (cerca de metade do ano anterior).
Vendas de automóveis LP na UE
A União Europeia (UE), de acordo com informação da
ACEA2, registou um pouco mais de 7 milhões de carros
ligeiros de passageiros no período de janeiro a agosto do
presente ano. Este valor representa mais 17,9% do que no
ano anterior, e dos 27 países da UE, apenas dois países registaram
variações negativas (a Hungria, -3,3% e a Suécia,
-0,4%) no período em análise. Os veículos 100% elétricos
já representam 14% das vendas LP da UE (mais 1,9 pp) e
registaram um crescimento de 62,7% face a 2022. Se aos
valores dos BEV juntarmos os valores dos veículos Plug-
-in, chegamos a uma quota de mercado de 21,4%, ou seja
+2,7 pp do que o valor do ano anterior.
Contudo, ao contrário de Portugal, o crescimento da taxa
de vendas dos híbridos não plug-in na UE é muito superior
à dos híbridos plug-in” Enquanto estes cresceram somente
2% na UE (cerca de 10 000 carros, com contributo
negativo da Alemanha), os veículos híbridos não plug-in
aumentaram as vendas em mais de trezentas mil unidades
(mais 28,6%) no período em questão.
Quanto às vendas de carros térmicos a gasolina e a gasóleo
na UE, elas têm tendências opostas. As vendas de
carros térmicos a gasolina aumentaram 13%, enquanto
as vendas dos térmicos a gasóleo decresceram 3,2%. Mas tendo presente o crescimento das vendas de elétricos,
ambas as categorias perderam quota de mercado face ao
ano anterior: -1,6 p.p. e -3,1 p.p. para os carros a gasolina
e a gasóleo, respetivamente.
PPEC – Plano de Promoção da Efi ciência
no Consumo de Energia (7ª Edição)
A medida “EFFICIENTĬA” promovida pela ANECRA,
fi nanciada pelo PPEC, aprovado pela ERSE, continua
a decorrer conforme planeado, encontrandose
na parte fi nal da primeira etapa referente às
auditorias energéticas, que abrangeu cinquenta
estabelecimentos por todo o país. Atualmente, e em
parceria direta com a empresa especializada “CEEETAeco,
Consultores em Energia, Lda.”, procedemos
à identifi cação e análise das oportunidades de
racionalização nos consumos de energia, de
introdução de sistema renováveis e a elaborar um
plano de melhoria de efi ciência energética. Em
simultâneo, iniciamos a elaboração de um Manual de
Efi ciência Energética que descreva, nomeadamente,
as melhores praticas na utilização racional da
energia no setor automóvel. Pode acompanhar-nos
em www.anecraeffi cientia.pt onde disponibilizamos
um conjunto de informação atualizada da medida e
fazemos o acompanhamento da mesma no tempo.