... Edição Digital 391

Economia mundial Economia resiliente reage às crises Por: Gabinete Económico Estatístico — Marcos Almeida Dias

A economia internacional tem se caracterizado por uma incerteza geral em termos globais. Incerteza em termos de inflação, com outra revisão em alta, para 2023 e 2024, para os preços dos produtos energéticos e uma revisão (ligeira) em baixa para os preços dos produtos, excluindo os produtos energéticos e produtos alimentares.

Incerteza na definição do valor das taxas diretoras, enquanto se esperava, há um ano, que hoje as taxas estivessem em tendência decrescente e o que assistimos é que se mantêm, em cima da mesa, a possibilidade de que voltem, de novo, a subir.
 
Vários analistas apontam que o mundo passe por um longo período de baixo crescimento e prevê-se que a economia mundial cresça entre 2,3% e 3,3% em 2023, valor que se aproximará da média de 3,1% das duas décadas anteriores à pandemia. A menor procura das exportações e o impacto das condições restritivas de financiamento, são causas diretas do abrandamento do crescimento na zona Euro. Em termos mundiais, prevê-se um abrandamento económico no segundo semestre, refletindo uma perda do dinamismo de recuperação da China (dado o ressurgimento dos problemas no sector imobiliário residencial) e, embora as economias avançadas dos Estados Unidos e do Reino Unido tenham mantido uma atividade económica mais resiliente do que se esperava, sofrerão algumas perdas ao nível da procura mantendo-se, no entanto, em valores positivos.
 
O combate ativo à inflação persistente, através da manipulação em alta das taxas de juros, conduz a um abrandamento da procura, condicionando uma oferta adequada e, por consequência, também a manutenção de um mercado de trabalho forte e em crescimento. Contudo, a resiliência das economias avançadas tem mantido, e deverá manter, as suas economias em terrenos positivos. O período de inflação alta persistente parece estar ultrapassado, segundo alguns, tendo em conta que a pressão em alta dos preços diminui. Contudo, a inflação permanecerá muito acima das metas dos bancos centrais em muitos países. O Banco Central Europeu (BCE) mantêm esforços no sentido de assegurar o retorno da inflação ao objetivo de médio prazo de 2%. Para atingir este desiderato, o BCE tem revisto em alta as suas taxas diretoras, tendo-se atingido, em julho passado, o valor máximo de há quinze anos, da taxa diretora principal (de refinanciamento) de 4,25% e da taxa marginal de empréstimos de 4,5%.
 
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Ainda segundo o BCE, não se prevê no curto e médio prazos a redução das taxas diretoras, tendo presente que a taxa de inflação na zona euro encontra-se ainda muito acima do objetivo, dependendo a evolução das taxas dos dados económicos e financeiros disponibilizados, da dinâmica da inflação e da força da política monetária. Os preços internacionais do petróleo e do gás foram revistos em alta, face à informação de junho, para os anos de 2023 a 2025. Este dado volta a lançar alguma preocupação à economia em termos gerais. Já as taxas de variação anual dos preços das matérias-primas não energéticas mantêm uma tendência decrescente para os anos 2023 e 2024.
 
Economia nacional
 
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A economia nacional deverá manter um crescimento fraco até ao final do ano corrente. Após o dinamismo do primeiro trimestre, a economia terá estagnado no segundo e terceiro trimestres, devido, nomeadamente, à menor dinâmica dos principais parceiros comerciais, aos efeitos cumulativos da inflação e das restrições de política monetária. Assim, segundo a mais recente informação do Banco de Portugal (BdP), as revisões do crescimento económico foram realizadas em baixa (face às projeções de junho) e em alta para a inflação para o presente ano e para os próximos dois anos.
 
As projeções de crescimento da economia nacional de 2,1% em 2023, baseiam-se no investimento e nas exportações, e não tanto nas despesas de consumo. Em termos de exportações de bens e serviços, projetam-se crescimentos de 4,1% em 2023 e 2,1% em 2024. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) deverá apresentar um crescimento de, apenas, 1,5% em 2023, mas deverá evoluir para valores mais favoráveis e significativos em 2024 e 2025, decorrente da aceleração da procura global e da execução dos fundos europeus. Em termos gerais, e face à área do euro, Portugal deverá continuar a apresentar um crescimento superior nos anos 2024 e 2025, com um diferencial médio anual de 0,5 pp (pontos percentuais).
 
O mercado de trabalho deverá manter uma evolução favorável em 2023 e nos próximos anos, embora revisto em baixa na última informação do BdP. O aumento do emprego está relacionado com o crescimento da população em idade ativa e dos incrementos da taxa de atividade.
 
Os ganhos de produtividade por trabalhador deverão ser superiores aos verificados nos anos de pré-pandemia. A taxa de desemprego deverá manter-se entre os 6,0% e os 6,9% no período de 2023 a 2025. A perspetiva de 6% de taxa de desemprego para o presente ano constitui a mais baixa taxa de desemprego dos últimos vinte anos.
 
A última Síntese de Execução Orçamental (SEO) do Estado disponível referente a agosto indica que foram arrecadados cerca de 35 040 milhões de euros de Receita Fiscal no período de janeiro a agosto do presente ano, representando 3,9% de aumento face ao período homólogo.
 
Os montantes arrecadados no ano, quer de Impostos Diretos, quer de Impostos Indiretos aumentaram face ao ano anterior, 3,8% e 4,1% respetivamente. No que respeita ao conjunto dos impostos mais diretamente ligados ao setor automóvel (ISP, ISV, IUC1), registou-se uma variação positiva de 35,6 M€, no acumulado do ano, a que corresponde +1,4% na comparação com o valor homólogo.
 
O ISP que, em sede de SEO, vinha a registar variações mensais homólogas negativas desde maio de 2022, há três meses que apresenta variações mensais positivas e em consonância com o aumento dos consumos dos combustíveis rodoviários.
 
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Mercado automóvel nacional
 
As vendas de automóveis novos em Portugal em 2023 seguem em crescimento face ao ano anterior. No período de janeiro a setembro registaram-se 178 828 novas unidades, a que corresponde um crescimento de 31,7% face ao período homólogo. Todos os meses do ano corrente apresentam variações positivas face a 2022, com valores bastante significativos nalguns meses do primeiro semestre.
 
Em termos de segmentos de mercado, verificaram-se variações positivas em quase todos os segmentos nos valores acumulados do ano, a saber: ligeiros de passageiros (34,1%), ligeiros comerciais (18,7%), pesados de mercadorias (54,2%). Apenas o subsegmento (residual) dos pesados de passageiros registou um decrescimento de 57,1% (subsegmento cuja quota de mercado não ultrapassa os 0,32% do mercado total).
 
Depois de um primeiro semestre que se esperava positivo devido, em simultâneo, aos sinais favoráveis da economia no início do ano e, na maioria, ao fraco primeiro semestre do ano anterior, as vendas do presente ano continuaram em terrenos positivos nos meses do terceiro trimestre do corrente ano.
 
As vendas de veículos 100% elétricos (BEV) na categoria de ligeiros de passageiros (LP), mais do que duplicou no período de janeiro a setembro, tendo-se ultrapassado as 25 500 unidades no presente ano, a que correspondeu uma variação positiva de cerca de 110%. A quota de mercado dos BEV, nos ligeiros de passageiros, é já de 16,7%, com tendência de crescimento, quando no ano anterior este valor era de “somente” 10,7%. Os veículos plug-in, na categoria dos LP, também registaram um crescimento significativo (+71,6%) face a 2022 e uma quota de mercado de 12,7% na categoria em análise.
 
O valor conjunto das quotas de mercado dos veículos eletrificados (BEV e Plug-in) em 2023 é a mais alta de sempre, tendo atingido os 29,4%, prevendo-se que, em breve, um terço das vendas de ligeiros de passageiros em Portugal sejam veículos eletrificados.
 
Os benefícios fiscais, em termos empresariais, que os veículos BEV e o Plug-in usufruem, face aos veículos tradicionais a combustão, continuam a ser um fator atrativo e decisivo na tomada de decisão de compra de um veículo eletrificado por parte das empresas. Contudo, os particulares têm apoios à compra diminutos em valor (tendo presente a significativa diferença de preço dos veículos eletrificados face aos de combustão) e não tão abrangentes em benefícios fiscais como o são para as empresas.
 
Uma última palavra para as vendas de motociclos que registaram mais de trinta e cinco mil novas unidades entre janeiro e setembro, representa um aumento de cerca 15% face ao ano anterior, e que corresponde a uma média de quase quatro mil unidades por mês. Nota, ainda, para um decréscimo significativo do registo de motociclos elétricos e cuja quota de mercado, no presente ano, ronda 1,5% das vendas (cerca de metade do ano anterior).
 
Vendas de automóveis LP na UE
 
A União Europeia (UE), de acordo com informação da ACEA2, registou um pouco mais de 7 milhões de carros ligeiros de passageiros no período de janeiro a agosto do presente ano. Este valor representa mais 17,9% do que no ano anterior, e dos 27 países da UE, apenas dois países registaram variações negativas (a Hungria, -3,3% e a Suécia, -0,4%) no período em análise. Os veículos 100% elétricos já representam 14% das vendas LP da UE (mais 1,9 pp) e registaram um crescimento de 62,7% face a 2022. Se aos valores dos BEV juntarmos os valores dos veículos Plug- -in, chegamos a uma quota de mercado de 21,4%, ou seja +2,7 pp do que o valor do ano anterior.
 
Contudo, ao contrário de Portugal, o crescimento da taxa de vendas dos híbridos não plug-in na UE é muito superior à dos híbridos plug-in” Enquanto estes cresceram somente 2% na UE (cerca de 10 000 carros, com contributo negativo da Alemanha), os veículos híbridos não plug-in aumentaram as vendas em mais de trezentas mil unidades (mais 28,6%) no período em questão.
 
Quanto às vendas de carros térmicos a gasolina e a gasóleo na UE, elas têm tendências opostas. As vendas de carros térmicos a gasolina aumentaram 13%, enquanto as vendas dos térmicos a gasóleo decresceram 3,2%. Mas tendo presente o crescimento das vendas de elétricos, ambas as categorias perderam quota de mercado face ao ano anterior: -1,6 p.p. e -3,1 p.p. para os carros a gasolina e a gasóleo, respetivamente.

PPEC – Plano de Promoção da Efi ciência no Consumo de Energia (7ª Edição)
 
A medida “EFFICIENTĬA” promovida pela ANECRA, fi nanciada pelo PPEC, aprovado pela ERSE, continua a decorrer conforme planeado, encontrandose na parte fi nal da primeira etapa referente às auditorias energéticas, que abrangeu cinquenta estabelecimentos por todo o país. Atualmente, e em parceria direta com a empresa especializada “CEEETAeco, Consultores em Energia, Lda.”, procedemos à identifi cação e análise das oportunidades de racionalização nos consumos de energia, de introdução de sistema renováveis e a elaborar um plano de melhoria de efi ciência energética. Em simultâneo, iniciamos a elaboração de um Manual de Efi ciência Energética que descreva, nomeadamente, as melhores praticas na utilização racional da energia no setor automóvel. Pode acompanhar-nos em www.anecraeffi cientia.pt onde disponibilizamos um conjunto de informação atualizada da medida e fazemos o acompanhamento da mesma no tempo.


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