O Avenger é o primeiro modelo 100% elétrico da Jeep. Além do visual apelativo e das dimensões adequadas, tem a atitude certa para conquistar os condutores mais jovens.
Há já algum tempo que a Jeep tem vindo a ensaiar a sua
entrada no mundo da eletrificação, nomeadamente através
de versões plug-in das suas gamas mais ‘maduras’.
Mas com o Avenger respira-se uma ambição diferente,
que em tudo parece justificada perante aquilo que vimos
e sentimos ao volante deste novo SUV elétrico. Com 4,08
metros de comprimento, o Avenger está posicionado
abaixo do Renegade – 16 cm mais longo –, sendo construído
sobre a modular plataforma e-CMP2 da Stellantis,
que serve igualmente de base a modelos como o DS3,
Peugeot 2008 e Opel Mokka. Contruído na Europa (Polónia)
a pensar nos consumidores europeus, assume na
perfeição os três pilares fundamentais do ADN da marca
americana: ‘design funcional’, ‘tecnologia’ e ‘capacidades’.
O primeiro pilar reporta não só às linhas bem conseguidas
e às proporções ideais para um modelo do segmento
SUV-B, mas igualmente aos requisitos de uma utilização
diária, seja em cidade, seja fora dela. Os criativos da Jeep
parecem ter pensado em tudo, com as zonas sensíveis
da carroçaria protegidas de pequenos embates, graças às
proteções em plástico, e até as óticas foram desenhadas de
forma a estarem recuadas e menos expostas a qualquer
toque ligeiro.
Esta vertente prática do design também se reflete no interior,
amplo e versátil, sobretudo nos múltiplos espaços de
arrumação (que totalizam 34 litros), com destaque para a consola central que alberga uma mala de senhora – algo
que vai agradar muito ao público feminino. Já a bagageira
está na média do segmento, com 355 litros, mas é de realçar
o baixo nível de carga e o bocal largo, o que facilita a
colocação de objetos pesados e volumosos, assim como o
formato plano que se obtém quando rebatidos os bancos
traseiros – o que permite uma volumetria que chega aos
1250 litros.
Tecnologia
Neste capítulo, o primeiro ponto a referir é, obviamente,
a motorização elétrica. Fabricada pela eMotors, uma
joint-venture da Stellantis com a Nidec, esta unidade desenvolve
156 CV transmitidos às rodas dianteiras, sendo
alimentada por uma bateria de 54 kWh. Em conjunto,
prometem uma autonomia de 400 km – média WLTP
–, mas que podem chegar aos 550 km caso a utilização
seja exclusivamente urbana. Bons números, para os quais
concorrem o baixo peso do conjunto (1500 kg) e a eficiência
aerodinâmica, cujo coeficiente se cifra em 0,33.
No que respeita ao processo de carregamento, o Avenger
pode ser carregado a 11 kW (corrente alterna) numa
qualquer estação pública, demorando cerca de cinco horas
e meia para atingir 100% de bateria. No entanto, o carregador
de bordo permite chegar aos 100 kW de potência
(corrente contínua), o que reduz o tempo de espera para
24 minutos – até 80% de bateria –, o que na prática, como
os responsáveis da Jeep gostam de realçar, corresponde a
30 km de autonomia por cada 3 minutos de carga.
Ainda no âmbito da tecnologia, mas neste caso de sistemas
de apoio à condução, o Avenger está equipado com
monitorização do ângulo morto, travagem de emergência
autónoma (com proteção de peões e ciclistas), estacionamento
automático e câmara traseira de 180 graus com
vista do tipo drone.
A informação essencial surge diante os olhos do condutor
através de um painel digital de 7 ou 10,25” (consoante
versão), complementada pelo ecrã central multimédia
Uconnect de 10,25”, que integra navegação TomTom.
Para quem estar sempre conectado é fundamental, o sistema
de infotainment incorpora projeção Android Auto
e Apple CarPlay sem fios, ao passo que com a aplicação
móvel Jeep Mobile App é possível localizar o Avenger,
trancar e destrancar portas, verificar nível de bateria, programar
o carregamento e ativar a climatização.
Capacidades
O terceiro pilar do ADN da Jeep, referente às capacidades
dinâmicas, não pode ignorar o enorme legado off-road
da marca americana. Apesar da sua vocação claramente
urbana, o Avenger foi também pensado para a condução
por ‘maus caminhos’. Os ângulos de ataque e saída, assim
como o ventral são, respetivamente, de 20, 32 e 20 graus,
o que lhe permite enfrentar obstáculos sem grandes constrangimentos, tudo complementado por uma altura
mínima ao solo de 200 mm. Neste último ponto é importante
referir que a zona inferior do Avenger é totalmente
plana, concebida para proteger a bateria e o motor de danos,
melhorando igualmente a efi ciência aerodinâmica.
Para melhor explorar os 260 Nm de binário máximo
do motor elétrico, o condutor dispõe dos modos Areia,
Lama e Neve para superfícies de baixa aderência, além
do Hill Descent Control para as descidas mais íngremes.
Já no asfalto, são os programas Eco, Normal e Sport que
determinam a qualidade da resposta ao acelerador, assim
como a autonomia. O Avenger conta com três níveis
de equipamento – Longitude, Altitude e Summit –, mas
seguindo as tendências atuais, tem inúmeras opções de
personalização segundo o princípio “make it yours” da
marca americana, que disponibiliza mais de 150 acessórios
estéticos, funcionais, de conforto e de segurança.
Na estrada
Não se pode esperar que um carro desta classe seja exatamente
um colosso em troços de autoestrada. Mas acompanha
sem problemas o ritmo do restante trânsito, como
quem diz, tem boa pujança mesmo em subidas mais inclinadas
e os seus 156 CV são sufi cientemente enérgicos
para transportar armas e bagagens nas pequenas viagens
em família. E dizemos ‘pequenas’ pois é a velocidades
constantes que os veículos elétricos mais se ressentem
em matéria de autonomia. No entanto, e mantendo o
ritmo dentro dos limites legais, este Jeep mantém-se surpreendentemente
fi el aos valores anunciados, e qualquer
deslocação dentro dos 300 km, só para manter margem
segurança, é perfeitamente exequível para este SUV, mesmo
tendo em conta o peso extra da carga.
Mas é na cidade e arredores que ele melhor se expressa e
mais nos conquista, tanto pela facilidade de condução e
de estacionamento como pelo conforto, mesmo em vias
de piso degradado.
Em estradas de curvas encadeadas sente-se algum rolamento
(ou inclinação) da carroçaria na passagem em
curva, o que é natural, dado o seu ‘pisar’ mais brando e
a maior altura ao solo, mas apesar de não ter qualquer
propensão desportiva, incute confi ança quando optamos
pelo modo de condução Sport para negociar percursos
mais sinuosos. Diríamos mesmo que, dentro do género
e da respetiva classe, é um automóvel que não descura o
lado lúdico da condução, com uma qualidade de resposta
ambiciosa, a que se junta um bom tato da direção, o que
só melhora a interação com quem está atrás do volante.
Com as vendas iniciadas em Portugal durante este verão,
o Avenger tem preços que começam abaixo dos 40 mil
euros. Para a Jeep, é o produto certo na altura certa: cativante
na estética, na facilidade de condução e na utilização
diária, estamos convictos de que aos olhos de muitos
será um caso de amor à primeira vista. Não é por acaso
que conquistou o prémio de Carro do Ano Internacional
de 2023...